terça-feira, 15 de julho de 2014

Viva na melodia da vida !

A vida é uma banda musical sem estilo definido. Amanheceu, acordei, peguei o radio e comecei a ouvir aquela moda sertaneja com uma xícara de café do lado, um prato com duas fatias de pão saídas recentemente do forno . Mudei de estação e estava passando o horóscopo do dia; meu signo dizia que a sorte estava ao meu favor – me senti nas batalhas dos distritos de Jogos Vorazes – e um amor apareceria na minha janela no fim do tunel– mal sabe a moça que elabora isto, que não tem tunel aqui. Começou a tocar uma música dos eletrohits e fui varrer a casa, afinal sou uma filha prestativa. O ritmo daquilo que eu escutava me deu vida e nem vi o tempo passar. Olhei no relógio e estava na hora do almoço.  Fui almoçar minha ame tinha feito bife acebolado com arroz e feijão ,peguei latinha de coca-cola para acompanhar. Com meia hora depois de comer fui lavar a louça coloquei no youtube e escutei um bom pagode. A letra da música dizia “deixa a vida me levar” e eu pensei: ela nunca me levou mais do que está levando. A vida nos leva ao caminho que tracejamos de uma maneira surpreendente, quando menos percebemos aquilo que desejamos algum tempo atrás está se tornando real, seja a faculdade dos sonhos, o emprego esperado ,comprar a casa própria, encontrar a alma gêmea assim do nada e ver o quão parecidos somos – talvez seja por isso que dizem que encontraremos o amor quando começamos a nos amar –, casar, ter dois filhos, ir ao parque, discutir Caetano e até as bobagens planejadas estão ali, se realizando e me coloco a morrer de rir, de mim, dos meus sonhos e da vida. A vida nos carrega para o infinito. O pequeno infinito que desde cedo começamos a planejar. E nesses pensamentos, passa a tarde, o tempo que seria dedicado a leitura do novo romance trágico de John Green se esvai e a noite chega querendo ser admirada. Começa na rádio FM "Minha saudade é voce" e aquelas músicas altamente melosas, que relembram o namoradinho de infância, o ex do ensino médio, o carinha que experimentou para ter certeza da sexualidade , aquele que voce amou e te fez sofrer e a pessoa que finalmente está presente e quer tê-la no futuro e no pós-futuro, ou melhor, na eternidade. Está terminando a novela das nove e uma música que diz “se aqui já fez morada…” começa a tocar ao fundo e você relembra dos seus amigos que moravam, na melhor das hipóteses, na casa em que morava e propriamente dito, no coração meio solitário que tinha. Coração solitário com amigos; meio estranho isto. Mas é como se diz: mesmo rodeado de pessoas, tende-se a se sentir assim, só. A solidão é o mal do século. Sai-se na rua e a lua está lá, cheia, rodeada de estrelas e constelações que provavelmente não se conhecem, exceto é claro, o tal do cruzeiro do sul que aponta para o norte. O tal norte que devemos ter como direção central. Seguir sempre em frente, mesmo depois de perder um amigo para a vida, ser deixado de lado pelos colegas da faculdade, abandonado no altar pela provável futura cara metade, ou cara igual, sei lá. Seguir em frente mesmo depois de perder a família para a morte, perder os bens para o governo, já que não foi paga a conta do Fies, o IPVA, o IPTU e todo o resto de contas que se deixou acumular no decorrer dos anos pelo fato de ter entrado na melodia melosa do programa da noite daquela rádio e ter derretido feito o barro. É isso que da ser rúptil e mergulhar no que os cantores sentem e esquecer da dor que eles transmitem nas letras das músicas. A vida é uma orquestra musical que aclama por aplausos. Mas isso, é apenas se conseguir decifrar as melodias confusas propostas por ela e tal fato só é possível se você esquecer do passado e não pensar muito no que há de acontecer no próximo segundo. A vida é uma roda, rode, gire, rodopie… Dance com ela.

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