segunda-feira, 21 de julho de 2014

Um dia talvez eu entenda ;)

Não adianta. Eu nunca vou conseguir tomar sorvete sem me lambuzar feito uma criança de cinco anos. Eu nunca vou aprender a beber café, colocar água na forminha de gelo sem derramar, nem conseguir soltar uma gargalhada um pouco mais baixa. Eu nunca vou deixar de rir da cara daquelas menininhas estúpidas que saem de casa para caçar homens e não veem problema algum em sair dando pra meio mundo afora. Eu nunca vou parar com a mania de fazer bicos e  fazer meus dramas. Eu nunca vou deixar de sentir tremores em todos os andares do meu corpo ao perceber que estou sendo encarada por qualquer pessoa que seja. Não adianta, não há solução, não vim com devolução de fábrica. Eu sou assim e ponto. Nunca vou me acostumar em acordar cedo, como também nunca vou me acostumar com o fato de ter mais gente passando fome do que mais gente dando valor ao pouco que possui. Nunca vou entender porque algumas pessoas andam com o nariz empinado como se elas fossem as melhores do mundo, mesmo sabendo que não são. Nunca vou conseguir deixar de bater o dedinho do pé na quina, como também nunca vou conseguir entender o que o locutor de futebol na rádio está narrando. Eu nunca vou deixar de odiar o cheiro de cigarro. Nunca vou aprender a chupar laranja sem fazer algum barulho, como também nunca vou aprender a fazer as malas para uma viajem sem colocar todo o meu guarda roupa lá dentro. Eu nunca vou saber, de fato, receber um elogios em ficar vermelha. Quando eu não rio de nervoso, rio de ironia. E, ah, eu nunca vou conseguir deixar de radicalizar tudo. Nem de falar sério, rindo. Nunca. Eu nunca vou me acostumar com a ideia de que, sim, existe quem seja capaz de maltratar um animal. Eu nunca vou entender porque a população ainda aplaude de pé ou abre a boca pra falar bem de algum político. Eu nunca vou compreender essa sociedade hipócrita em que vivo. Nunca vou conseguir olhar pra minha mãe e não ver a maior heroína de todos os tempos, como também nunca vou conseguir entender como alguém não consegue se afeiçoar a própria mãe. Nunca vou entender qual a tamanha graça em fingir sentimentos, usar pessoas e maltratar corações desamparados. Eu nunca vou ser a favor da aproximação por interesse, como também nunca vou ser contra a sinceridade de cara limpa. Eu nunca vou ser capaz de enxergar um motivo realmente bom para que a espécie humana ainda exista. Nunca, nunquinha. Eu nunca vou entender porque eu continuo escrevendo como se soubesse quem sou, mesmo sem saber. Um dia talvez eu me entenda ou encontre alguem com paciencia e tempo pra me ajudar a descobrir quem eu sou de verdade. Ate la eu vou indo caminhando pelo desconhecido de mim mesma..

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