sábado, 19 de julho de 2014

Encane menos, encante mais ;)

“ Mais um fim de dia. Contrariando meses de contínuos lamentos, as coisas parecem aquietar-se diante de uma paz que surpreende e que há muito não era possível. Que mistérios cercam a nossa incapacidade de enxergar além de nossas dores? Como se explica a alegria repentina, a esperança que chega sem aviso, que se instala ali, integralmente, expulsando a negatividade a que é tão fácil acostumar-se e que nos faz perguntar: por que não foi possível nos curarmos antes?Paro inconformada com a diferente sensação, sinto o coração descompassado, um tanto afoito de vida e sem saber por onde começar. Recomeços não são fáceis, não são fatos que podemos constatar como naturais… Há o medo do novo, a angústia que se alia ao pavor de desenvolver novas dores. Entretanto, parece inevitável aceitar o que está por vir, parece natural se deixar envolver, se permitir sonhar, desenvolver os sentidos, aguçar os instintos. Torna-se perfeitamente aceitável mergulhar em devaneios, imaginar situações, andar saltitante pela casa, numa harmonia estranha, porém absoluta.Quanto tempo foi necessário perder? Quantas lágrimas, quantas noites de ansiedade mordaz, quantas perguntas sem respostas? Surge a constatação de que o sofrimento nada mais é que uma escolha errada que fazemos, uma resposta aos nossos passos em falso, às nossas apostas egoístas, à nossa teimosia, à nossa insistência em cultivar a infelicidade. O mundo aí está repleto de sentimentos inexplorados, histórias não contadas, corações a serem preenchidos. Há espaço para quem o procura, só não se pode esquecer que a busca por si próprio é determinante antes de procurar encontrar outro alguém. Passamos a entender que nossas cobranças são infundadas, nosso desespero é dispensável, nossa amargura envenena a nós mesmos e nossa dor não deve ir além do que já doeu.Compreendemos que nossa paz interior existe no aconchego de nós mesmos, na experiência de quem já sofreu e fez sofrer, na humilde aceitação de que há sempre algo a melhorar. E, então, nos parece fácil entender que o amor veste-se de possibilidades, refaz nossos conceitos, nos faz surpresas e nos presenteia, quando finalmente o aceitamos do jeito que é, quando vier, e com toda a serenidade que for necessária.

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