segunda-feira, 19 de junho de 2017

Eu só sinto muito..!!


Eu não sei sofrer. A dor sempre acaba comigo e eu acabo entregando os pontos, as cartas e o jogo. Porque eu, de fato, não sei lutar contra ela. E é por isso que eu repito em alto e bom som para quem quiser ouvir, que eu não nasci para sofrer. Grito pela milésima vez e mais uma se preciso, para que o destino entenda que essa função não é minha. Eu não sei fazer isso direito. E cada pedacinho do meu corpo – esse por menor que seja – dói. Eu também não sei lidar com a dor sambando de salto alto e fino bem no meio do meu peito, e ainda ficar achando graça disso. Eu me acabo. E no final das contas eu não sei lidar nem comigo, quem dirá com a dor. E tudo se torna grande demais, vazio demais, apertado demais. O problema é que assim como eu não sei sofrer, eu também não sei não sofrer. Não sei olhar pro chão e não ter medo de ficar sem ele, e nem olhar a cicatriz sem pensar que ela pode ser aberta de novo. Não sei olhar pro céu e não ter medo de perder as estrelas e nem rir sem pensar que eu vou chorar muitas vezes ainda. É, eu não sei não sofrer, porque eu, definitivamente, não sei correr sem ter medo de cair. O joelho ralado sempre me pareceu um tiro no peito, ainda que eu nunca tenha levado um tiro. Eu só sinto muito, porque o sentir pouco nunca fez parte de mim. Não sei preferir o insuportável e desconfortável silêncio quando eu ainda tenho o grito. Então não me peça para sofrer em silêncio enquanto a dor grita - E grita alto. Não me peça para chorar em voz baixa porque chorar alto é muito mais libertador. Não me peça para ser pouco, quando eu só sei ser muito. E o que é amarelo claro se torna amarelo escuro, quase fogo. O chuvisco se torna uma tempestade que não me permite dançar na chuva. A maré baixa se torna um tsunami e eu sempre acabo me afogando, porque bom… Eu não sei nadar nesse mar.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Amor e construção!

Vamos ser sinceros, amor de uma semana não existe, a gente o constrói tijolo por tijolo, é tão lento que, se você for tão impaciente quanto eu, você desiste de amar alguém. O que eu vejo são amores de uma semana, juras de amor, vontades de querer estar perto e não poder. Eu nunca vou compreender quem ama tanto em uma semana. Vamos ser realistas aqui: isso não é amor. Isso é tesão, vontade, paixonite, mas amor? Não. Não existe amor de uma semana, não existe amor de um mês, amor é como um prédio, você primeiro ergue a estrutura, depois começa a montar os tijolos, um por um. As pessoas dizem que sofrem por amor, mas é mentira, elas sofrem por criarem expectativas falsas de um amor que é idealizado por elas próprias, amor esse que não existe. Vivemos de um mundo onde a superioridade é extremamente importante para você ser alguém, então porque não ser superior no amor? Porque não sustentar um desafio de construir um prédio em uma semana? Sem engenheiro, sem projeto, sem nada, “Só sentindo - ou com o coração” como todo mundo diz. E você ama. O problema é que esse amor não foi feito para ser amado, muito menos, feito para ser sentido, ele foi feito pra ser desafiado: “Dizer que ama é fácil quero ver provar; Todo casal briga, quero ver fazer as pazes; Eu te amo e você me ama, quero ver continuarmos juntos.” E assim vai, uma série de desafios pessoais que tornam as pessoas melhores, melhores para o mundo, melhores para si próprios, “Ah! Porque a moda é quebrar tabu!” Então, vamos ser Gays, vamos ser feministas, vamos ser diferentes. Vamos criar um amor diferente, vamos desrespeitar os Gays, as feministas e qualquer um movimento social que se diferencia da sociedade, se enquadrando em cada um destes grupos e criar ideologias sem sentido ou fundamento. Vamos fazer o mesmo com o amor, criar amores de alguns dias em terreno impróprio, com estrutura oscilante, vamos construir um amor problemático para que a cada dia que ele se mantenha de pé nós possamos nos sentir melhor, e mostrar o mundo que podemos ser mais desafiados. E esse é o mundo, esse é o amor. Por isso eu digo: não existe amor de uma semana, não existe amor de um mês, quem afirma isso, é mais um adepto a ideologia do “Vamos manter o que é instável para amarmos melhor que os outros, vamos ser diferentes porque mesmo com o preconceito o diferente sempre está na mídia, ser diferente é sempre melhor”. Não digo que nunca tive meus amores de uma semana, de um mês, mas percebi que lutar para manter algo que não existe é inútil, é lutar contra as ondas e a correnteza e nadar para dentro do mar, nadar para o mar aberto, lugar quando você estiver cansado, você para de boiar, afunda e morre. Entendi que isso não tem lógica, e que o melhor amor é o que demora a acontecer, mas acontece aos poucos, e cresce forte, como um prédio projetado, desenhado em papel, e depois construído, um amor fincadas em sapatas fundas dentro do coração, mas sustentado por uma estrutura racional chamada cérebro. Um amor invicto. Não existe amor de uma semana e de um mês, mas quem sabe nesse tempo você não conheça o amor da sua vida, você só precisa trabalhar duro e projetar o amor que você quer construir. Ache o operário certo, crie seu prédio, construa seu amor, e quem sabe seu prédio não é mais um que se mantém de pé nesse grande condomínio de prédios estáveis chamado mundo.