quarta-feira, 9 de julho de 2014

Ela almeja por um pouquinho de Vida !

Ela fugiu. Fugiu para chorar. Não aguentava mais, o mundo estava caindo em cima de sua cabeça, a sufocavam e ela já não suportava. Para que ninguém percebesse, trancou-se no quarto enquanto todos iam dormir. Encostou a cabeça na porta, e olhava o que o espelho a sua frente refletia. Seus olhos estavam mais fundos que o normal, sua pele estava vermelha, e um inacabável estoque de pesadas lágrimas caiam no seu rosto. Ela mesma olhava e, ao fundo daqueles olhos marejados, ainda conseguia se lembrar daquela menininha feliz, sorridente, que alguns até diziam que era irritante pois não parava de rir e falar. Lembrava-se de tudo que já foi um dia. Olhava para sua face e lembrava o real motivo de cada piercing e tatuagem. Ela teria uma dor maior para se preocupar. Mas era tão passageira aquela dor que ela mesma já sentia que isso não aliviava.Ela relembrava como aquela garotinha já tinha sido tão feliz, tão despreocupada, tão ela mesma. Hoje ela era apenas uma garota em crise, que lutava contra cada monstro dentro de si. Uma garota que hoje toma vários comprimidos que ela não tinha ideia para quê servia, tomava apenas pedindo para que a real indicação fosse levá-la dali. Não, ela nunca teve medo da morte. E a noite era a sua favorita. A noite era o momento no qual ela se desligava de tudo. Repousava sobre o travesseiro e adormecia todos os monstros que nela existiam. Ou então, ela apenas iria na varanda e contemplava a lua. 
Ela não só admirava a lua, mas sim conversava e sentia-se menos sozinha. Como se aquele astro fosse alguém que há tanto tempo se foi, e que poderia estar ajudando-a. Era tão difícil para ela pensar que esta pessoa havia partido e que se ela tivesse lá tudo seria mais fácil. Era tão difícil sentir que até a pessoa que mais poderia amá-la pariu sem ao menos desejar conhecê-la. Ela era tão mórbida e sem graça assim que as pessoas partiam antes mesmo de conhecê-la? Talvez ela só quisesse viver a vida e não ver a vida. Só esperar sentada já não bastava para ela. Queria viver. E isso a sufocava. Porque ela só queria viver.

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