quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Pieces of me..♪

Ela emfim havia desisto de sofrer por aquele certo alguem. Colocou suas dores em um caixote e etiquetou: a dor mais linda que senti. Foi cuidar de suas flores, como sempre fizera. Seus dias em seu jardim eram calmos, porém pesados. A saudade apesar de bela, por vezes nos acorrenta. Seus pensamentos iam de como plantar crisântemos a sorrisos de seu amado. Acreditava que entre as flores não encontraria motivos que remetessem a ele. Enganou-se, as flores eram a personificação dele… Enquanto mexia na terra, com sua pá e luvas, não era difícil uma lágrima regar, não só o canteiro florido, mas também sua alma exausta de sempre dar errado. Ela já não esperava flores fora do tempo, plantava suas sementes e deixava que a natureza fizesse o resto. Cada elemento era um colaborador para a vida florescer. Não criava mais expectativa, aprendeu a ser parte do processo metafísico que envolve: nós, a natureza e Deus. Não há o que interferir. Assim como é o crescer da tulipa e o findar de um amor. Natural e imutável. É preciso coragem pra estar vivo e deixar que cada parte do universo faça de nós um pouco do que queremos e um pouco do que nem pensávamos. Viver, regar, crescer e morrer para que outros nasçam. Tudo é semente. Ela precisava matar seu amor por aquele garoto. Seu jardim e os livros  eram grandes aliados nesta empreitada. A leitura estava diferente e prazerosa. Lia cada um com olhos mais apurados, reconhecendo as nuances dos autores . Ler romance já não “doía” a sua cabeça do interior. Agora os poemas a emocionava, seus olhos reconheciam a dor de quem tem apenas a palavra como amiga. Aquele moço tinha deixado uma herança de alegria e lirismo, como as margaridas: simples e alegres, com suas pétalas delicadas e branquinhas. Assim era a marca do amorem seu coração bobo. Um dia, em seu quarto, com seu caderno de anotações, a menina quase materializou seu amor ausente. Imaginava o que estava fazendo, se ainda ria das mesmas piadas tolas contadas por ele mesmo ou se já havia defendido suas “teses”  (que a deixavam tão confusa). Ele deixou um lastro: dias saudosos e os olhos de uma menina de apaixonada, ávidos pelo mundo e pelo encantamento da arte. Por um tempo parecia que não seria mais a mesma, achava que não dava para ser a menina alegre de sempre e nem sabia ser esta pessoa cosmopolita que seu pseudo-grande-amor era. Um limbo doloroso… Mas dali, esta mocinha quase esperta, entendeu que não precisa mudar com a chegada dos forasteiros que invadem nossa vidinha bucólica e pacata. Estes não modificam, acrescentam! Misturam-se com o existente e formam um novo ser. Uma pessoa regada com a vida da outra, enxertada do que o outro tem de melhor e pior. Entendera então, que aquele rapaz não precisava ser esquecido, ele precisava tomar o seu lugar de coadjuvante e deixar que a personagem principal vivesse sua história. No caso Eu, como todos nós, sou a protagonista da minha vida.

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