terça-feira, 3 de abril de 2012

“Houve uma época em que a única coisa que eu queria era poder ficar na rua até tarde brincando com as minhas vizinhas de esconde-esconde e de pega-pega. Onde a pior dor que eu sentia era ralar os joelhos e quando minha mãe desse um beijo e falasse “Quando casar sara”, já estava melhor. Em que a única coisa que eu tinha medo era o bicho papão, e pedia sempre pra minha mãe me olhar dormindo. Boa época aquela em que moças de vinte anos ainda esperavam seu príncipe. Bons tempos… Ótimos tempos, na verdade, e hoje tudo isso não passa de uma memória que quero guardar pra sempre. Aquelas memórias engraçadas, de quando eu tentava fazer o bambolê ficar girando, quando eu era café-com-leite nas brincadeiras, de quando minha mãe me gritava pra entrar depois de um dia inteiro na rua e eu chorava falando que nem tinha brincado. Bons tempos aqueles que eu era ingênua, bons tempos em que nenhum idiota havia quebrado o meu coração. Hoje é tudo bem diferente, a única coisa que quero é ter meu coração inteiro novamente. Hoje aquela dor do joelho ralado é fichinha pras dores que já senti, não tenho mais medo do bicho papão, meus medos são maiores. Tempos bons quando a minha única preocupação era saber o horário que iria passar os meus desenhos preferidos, não que hoje eu ainda não os assista, mas tenho mais coisas pra cuidar. Tenho minhas obrigações, estudar e ainda se preocupar em fazer tudo certo. Tenho mais coisas pra pensar do que quando eu era pequena. E pensar que quando eu era pequena a coisa que eu mais queria era ser grande, eu nem sabia de tantas coisas e a principal delas. Eu não sabia que existia uma dor maior do que de um joelho ralado.”=/

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