sábado, 16 de junho de 2012

Tudo sempre corre tão bem. Isso até você ficar sozinho. Culpa do seu medo de contagiar os outros com sua tristeza. Você, que algum dia foi tão feliz, hoje vive aí, pelos cantos. Deita na cama, coloca os fones de ouvido, liga a música no máximo e passa horas encarando o teto. Pega um livro empoeirado na estante, passa a mão sobre a poeira para ler o título, e quando percebe, é mais um romance. Resolve então ler. Romances sempre serviram como arama engatilhada na cabeça do leitor apaixonado. Geralmente quem lê romance, é quem procura o amor que não têm, nas palavras. A bonitinha se apaixona pelo cafajeste e morre de amores, até que conhece um homem todo tímido que se apaixona por ela, ela se apaixona por ele, e os dois vivem juntos felizes para sempre. É sempre assim, e você consegue ficar mal com esse romance-clichê. As personagens do livro não são as propostas pelo escritor. As personagens de qualquer romance, sempre foram, e continuarão sendo você e o teu amor. Não sei por que personagens de romance ainda têm um nome, sendo que elas nunca serão elas mesmas, pois você sempre vai vivenciar o maldito romance. Você vive por aí dando risada, mas quando fica sozinho, é uma pessoa totalmente vulnerável. Se é pra ser feliz, triste, risonho, chorão, marrento, irônico, querido, tu és. Se é pra ser, tu não deixas de ser. Diferente de quando, pela manhã, no meio daquela montoeira de gente - quase uma manada de elefantes -, bate aquela tristeza. Quando estás rodeado de pessoas, és a pessoa mais feliz do mundo. Agora, tudo muda quando entras em sua casa, com a sua chave, entra no seu quarto, joga sua mochila no chão, e percebe que estás sozinho. Toda essa carcaça de sou-forte parece ser pendurada em um cabide e guardada até a manhã do dia seguinte. É sempre assim. Ao despertar, acordas cinquenta porcento. Nem triste, nem feliz. Nada demais aconteceu até o momento, sua motivação não é gigantesca e não é quase invisível, sua motivação é a mesma de sempre, a normal. Tudo muda quando vestes tua carcaça. Logo após estar devidamente disfarçado, tudo parece correr totalmente bem. Cento e quinze porcento. Nada acontece até que alguma coisa, por mais boba que seja, é tida como estopim para tua tristeza, ou para tua alegria. Na maioria das vezes, o tiro vai certeiramente até o seu ponto fraco, e é como se os cinquenta porcento de pouco tempo atrás, fossem revertidos para menos cinquenta. Você, mesmo assim, permanece com seu traje de sou-feliz. Ao chegar em casa, a carcaça é tirada e, pelo fato de ser vulnerável, és tomado pela tristeza. Quase todos os dias são assim, não é mesmo? E amanhã, vai ser a mesma coisa. Não é drama, não é chantagem, não é papinho bobo, é a vida. Vida que, como amor, para mim, não têm significado certo, nada os define. Amor é amor, e vida é vida. Sem mais, nem menos. E hoje, por conta de toda essa vulnerabilidade, muitos estão sorrindo, como muitos estão chorando. Ser vulnerável é bom, quando estamos perto de gente feliz. Mas, o quê fazer quando passamos a maioria de nosso tempo sozinhos? A única coisa que resta, é se entregar. Se entregar e nada nesse mar. Seja ele de alegria, ou de tristeza.

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