sábado, 9 de junho de 2012


E eu cresci ouvindo: “querer é poder”. Sempre quis tanto, sempre pude tão pouco. Acabei por refazer aquela frase que ouvia desde a infância: “querer você pode, poder já é outra nota da canção”. E assim, meio que de um jeito torto, fui seguindo, acho que crescendo.
As coisas acontecem quando você não quer. Quando quer, dificilmente acontecem. É um jogo de se fazer do contra. Precisa estar não desejando para que aconteça. Precisa não estar pensado pra que chegue. Precisa estar de mãos abertas para deixar que vá.
Ainda falando sobre as memórias da infância, perto da escolinha do primário, tinha um jardim com aquelas plantinhas que se fecham automaticamente sempre que tocamos. Não lembro o nome, mas lembro da planta. Acho que o coração é meio ela, né? Sempre que tocam nele de um jeito mais forte, mais grosso, sempre que o batem, o pisam, ele se fecha, se tranca, entra em defesa. Tenta se recuperar. Sofre calado.
A vida é um mistério tão agridoce. É uma caçada ao tesouro tão desleal. Não nos dão mapas, não nos mostram onde ficam os “x”. Só dizem: depois do arco-íris tem um baú cheio de ouro. E volta e meia você vê um arco que faz saltar a tua iris, mas não acha o pote, ou melhor, nem sabe onde começa ou quando termina aquele mix de sete cores.
E assim, meio que de um jeito torto, fui seguindo, acho que crescendo. Não vou dizer que sempre ri, mas não só chorei. Ninguém é feliz o tempo todo, por que seria o tempo todo triste? Ou melhor, o que é estar feliz? O que é estar triste? Isso é sentimento? É estado? É coisa que se há de medir?
Existem coisas, ou sentimentos, ou apegos, ou nomes, ou frases, ou gestos, ou sorrisos, ou objetos, ou livros de poemas, que a gente não joga fora. Ficam ali. Tomando poeira, enfeitando a estante feito porta-retratos de família, de coração. Porta-sentimetos. Porta, dessas que se fecham e se abrem, e se pulam janelas e muros.
Têm coisas que a gente não quer jogar fora. Pelo ter. Pelo ser. Pelo alguma coisa. Alguma coisa que justifique, que fique, que faça jus. Alguma coisa que vá, mas que volte, ou que não vá, mas não só fique. Alguma coisa de verdade. De ver. Alguma coisa que fique. Que faça jus. Que justifique.
Hoje já não me permito saber. Prefiro não saber. Existem perguntas que se feitas, causam tsunamis. Se eu não posso ouvir as respostas que quero, que eu não faça as perguntas que desejo. É errado, é ridículo, mas como diz o poeta: “Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem”.
A gente nunca sabe se vai durar uma noite, um dia ou uma vida. A gente só sabe depois, se vai valer a pena. A gente na verdade, nunca sabe. Só supõe. Mas, ainda retornando as frases do tempo de criança, aquele clichê sabor naftalina me veio à boca: “o que não tem remédio, remediado está”. E assim, meio que de um jeito torto, fui seguindo, acho que estou crescendo.

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