terça-feira, 26 de novembro de 2013

Se ame u.u

Desabrochei-me com o compromisso selado de ter um futuro imperfeito do indicativo que não pode dar errado, nesse meio de subsistência capaz de contaminar todo ponto de apoio com a saliva. Conformei-me com o esboço do meu destino morno de socializar com a ficção científica que partiu da vida. Procurei amar-me como se ama uma flor, uma única e perdida flor, que se contorce escondida abaixo da poeira cósmica de toda explosão vital de desumanismo. Senti-me grata por ter como meta apenas, o entusiasmo e o infinito. Desolei-me quando todo o meu corpo chorou em compreensão a minha terrível abstinência de contato físico com o silêncio. Após a conspiração de palavras esquizofrênicas que poluíram a minha língua, com toda eloquência de gargalhadas fúnebres, converti-me ao peçonhento sentimento bruto que traz do tempo um teatro trágico de portas batendo. Apaguei-me do iluminismo por tempo suficiente para não ver a grama, que antes era tão verde, se queimar e brotar amarela. E gozei-me invulnerável quando a lua se dividiu em duas, na minha vesguice de ver três coisas por vez. Mas amei-me como se ama um floco de neve, em dias de inverno que não se via a milênios. Queimei o cigarro naquela língua afiada de nostalgia. De dias melhores, de noites de fantasia. Completei a dose de loucura, quando amei-me como se ama a uma barra de chocolate. Formei-me ilusória de sentidos notórios, quando sentada naquela cadeira de descanso, balançava para frente e para trás, dez vezes ao dia. Socorri-me, no momento crucial da queda de um anjo, após juntar-se a tristeza na divisão dos céus. E gritei, solidificando meus sentidos, enchendo meus pulmões, com o sorriso de uma criança quando está andando de bicicleta pela primeira vez. Mas amei-me como se ama um filete de sangue vazando da orelha de um alguém que você detesta. E amei-me, como todos deveriam ser amados. Como tudo deveria ser amado. Como nós deveríamos ter amado. E só eu consegui me apetecer. Mas amei-me, com o amor mais puro que poderia ser me dado.

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