quinta-feira, 8 de maio de 2014

Volta e não ouse ficar!

Volta pra mim com os cortes na boca e a falta de fôlego porque sim, eu te aceito. E eu reparo teus danos e te refaço pro mundo, para que você voe novamente, e parta sem mim. Porque dentro do amor eu percebi que não há nada nosso, nem as noites em que cantamos a tristeza e reverberamos a solidão, nem o vulto da eternidade no teu pé errante. Não há nada que eu posso dizer que tive nos momentos onde a intensidade disse os verbos e nós proferimos o infinito. Volta pra mim, não, não volte pra mim, erre o caminho que os descaminhos são paralelos. Volta, não, não volta. Volta, que os eixos nas suas costas me dizem sobre o amor que gangrenamos nas mãos quando o sorriso não preencheu. E eu canto o que drummond diz: se mil vezes você me deixar e voltar, eu aceito. E eu faço dos versos nosso colete anti-monotonia e te abraço pra nunca mais existir. Porque o belo não existe, além do brilho que há no invisível, através da retina do olho esverdeado que você tem. Volta pra mim que os dias têm esmagado meus punhos, e eu tenho visto miúdo o que se vê brando e claro; não abro minhas mãos aos céus e sorrio há semanas e os raios do céu mudaram o curso: meus lábios pararam no tempo. Volta antes do dilúvio bíblico, antes da terceira guerra mundial iminente, antes que outro meteoro caia e desta vez aqui, aqui. Volta antes que eu agonize sua lembrança e refaça sua imagem turva e deturpada, antes da aurora-boreal encandecer o céu da Noruega, antes que eu e o suicídio conversemos sobre como andam os planos pro meu futuro. Antes do terremoto afligir meus dedos, antes da queda d’água explodir as estrelas mortas por nós que dissemos superficialidades. Não, não volta agora, estou desbotando todo destino. Canta pra mim, canta chico, e não volte enquanto o teu brilho não satisfazer meus dramas renegados. Eu te amo, mon amour, como um mantra que eu não soube pronunciar. “Se mil vezes você ir e voltar, eu te aceito… eu te aceito.”

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